A falta de informação e o preconceito são dois dos maiores motivos pelos quais muitas pessoas não procuram ajuda. Sendo assim, através desse artigo vamos desmistificar 12 mitos sobre a dependência química.

1. A dependência química é intencional

O primeiro mito é acreditar que a dependência química é um comportamento voluntário. Ninguém faz uso de álcool ou drogas com a intenção de se tornar dependente.

É importante entender que o “começar a usar” pode ser voluntário, porém, a partir do momento em que a pessoa cruza a linha de experimentar e curtir, automaticamente a mesma fica sujeita a se tornar dependente involuntariamente.

2. Defeito de caráter

A dependêcia química nada tem a ver com o caráter do indivíduo, pois se trata de uma doença crônica progressiva, podendo acometer qualquer pessoa que experimentou ou consome substâncias psicoativas como álcool, drogas e medicamentos, de forma esporádica ou frequente.

3. A cura só depende da força de vontade

Ao contrário do que muitos pensam, são raríssimos os casos em que um indivíduo consegue se livrar das drogas sem adotar algum tipo de tratamento.

Sem dúvidas a vontade genuína e perseverança do dependente em curar-se é vital para que o tratamento surta efeito. Porém, como já dissemos, ele não possui plena consciência e autonomia sobre seus atos, fazendo com que o auxílio e apoio familiar e profissional sejam indispensáveis.

4. Tratamentos são ineficientes

Pesquisas mostram que os tratamentos possuem entre 40% a 60% de eficácia. O que muitas pessoas não sabem é que talvez o paciente não permanecerá sóbrio na primeira tentativa de tratamento.

Há possibilidade de reincidência da doença caso o indivíduo não tenha sido capaz de resolver os próprios conflitos emocionais, conflitos esses que na maioria dos casos servem como gatilho para levá-los ao uso de drogas.

5. Só aceitam ajuda no “fundo do poço”

Na verdade, o “fundo do poço” é o lugar onde deixamos de cavar, quando nossas forças para reabilitação se encontram esgotadas. Ninguém precisa se endividar, perder tudo ou se tornar andarilho para procurar ou receber ajuda.

No momento em que há o diagnóstico de dependência química é importante procurar tratamento, exatamente por se tratar de uma doença progressiva, ou seja, onde o quadro se agrava com o tempo.

6. Pessoas motivadas libertam-se rapidamente

Segundo pesquisas, o cérebro leva no mínimo 90 dias para começar a tomar decisões racionais; Por isso é utopia acreditar que o estado comportamental do indivíduo influencia no tempo de tratamento. Claro que a motivação ajuda tornando o processo menos desconfortável tanto para o paciente como para os familiares, porém, é necessário respeitar as etapas bem como a manutenção do mesmo, com sessões de psicoterapia, participação em grupos de apoio e etc.

A doença exige o acompanhamento do paciente mesmo após o tratamento, em alguns casos durante toda a vida, a fim de evitar recaídas.

7. Medicamentos receitados pelo médico não causam dependência

Os medicamentos tarja preta causam sim dependência mesmo sendo prescritos pelo médico. Dados apontam que nos Estados Unidos a maior procura por tratamento é por indivíduos que desenvolveram um quadro de dependência através do uso de remédios controlados.

8. Drogas naturais não apresentam perigo como as sintéticas

Há pessoas que afirmam que drogas naturais são menos agressivas ao organismo e/ou não causam dependência, diferentemente das substâncias sintéticas. Nada poderia estar tão longe da verdade. A maconha, considerada por alguns como uma planta medicinal inofensiva, está diretamente ligada a uma série de problemas comportamentais e de aprendizado como déficit de atenção e agressividade, por exemplo.

9. Meu organismo é resistente ao álcool

Costuma-se acreditar que quando a tolerância da pessoa com o álcool é alta, a mesma não apresenta problemas com a bebida.

Tolerância a qualquer substância apenas reforça que o organismo já se acostumou e consequentemente necessita de doses cada vez mais altas para entrar no estado de embriaguez.

Isso é um indicativo de que há um problema, talvez, não a compulsão em si, mas sim o abuso que pode levar à mesma, se não diagnosticado e tratado com antecedência.

10. Quem consegue manter uma vida estável não tem dependência química

Embora raros, existem casos de pessoas que conseguem levar a vida profissional e social normalmente sem que ninguém saiba ou desconfie que ela tenha problemas com álcool e/ou drogas.

Estudantes podem ser excelentes alunos na faculdade, e quando profissionais desempenharem com maestria sua função mesmo sendo dependentes químicos.

11. Recaídas fazem com que todo o processo de recuperação se perca

Alguns pacientes precisam passar por recaídas para conscientizar-se de que realmente estão doentes e precisam de ajuda.

Recaídas fazem parte do processo de reabilitação, fazendo-os perceber a falta de autonomia sobre os próprios atos e valorizar o tratamento como um passo importante no processo de cura da doença.

12. Problemas mentais precisam ser tratados antes da dependência

O último mito é que problemas mentais devem ser sanados para somente então iniciar o tratamento da dependência.

Porém, muitas pessoas não sabem que a dependência química é uma doença mental e grande parte dos problemas mentais como ansiedade, depressão, síndrome do pânico e etc, são desencadeados através do uso de drogas. Por isso, quando o organismo fica limpo das substâncias há consequentemente melhora no quadro emocional e psíquico do indivíduo.

Conclusões finais

Dependentes químicos não são más pessoas. A dependência química não discrimina ninguém, ou seja, qualquer ser humano pode se tornar dependente de drogas.

Pessoas dantes bondosas, honestas e amáveis muitas vezes se tornam ruins e até passam a cometer delitos exatamente por estarem doentes psicologicamente, fora do seu controle físico e emocional.

Procurar tratamento não é um sinal de fraqueza, ao contrário, buscar auxílio profissional e apoio familiar é sinônimo de fortaleza e maturidade o suficiente para reconhecer o problema e acreditar que é possível triunfar sobre a doença.

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