Muitas pessoas quando pensam no tratamento da dependência química, logo imaginam aqueles hospitais psiquiátricos que normalmente vemos nos filmes, com pessoas amarradas nas macas e sofrendo crises de abstinência.
Mas a realidade não é bem assim. Primeiro porque a internação não é a única forma de tratamento, embora seja adotada na maioria dos casos.
Segundo, porque serve como uma boa experiência de aprendizado, pois existem instituições que oferecem tratamentos humanizados que podem trazer bons resultados.
Claro que existem lugares duvidosos, onde não oferecem tratamento de qualidade, e o indivíduo acaba saindo em pior estado do que entrou.
Por isso, quando alguém da família precisa de internação é aconselhável checar com antecedência se a instituição possui uma boa reputação, além do alvará de funcionamento e se é constantemente fiscalizada.
Mas a internação nem sempre é a melhor alternativa para o caso. Sendo assim, conheça as 6 modalidades de tratamento disponíveis atualmente na cura da dependência química:
- Comunidades terapêuticas no tratamento da dependência química
As comunidades terapêuticas são uma modalidade de caráter voluntário de tratamento, sob regime residencial.
São de caráter voluntário pois só acolhem pessoas que desejam parar por vontade própria, e de regime residencial porque o ambiente terapêutico, o espaço físico (estrutura) das comunidades se assemelham com o nosso lar/casa.
Normalmente, as comunidades terapêuticas ficam localizadas em áreas rurais e as principais atividades desenvolvidas no período de reclusão são:
- Tratamento psicológico;
- Acompanhamento com assistente social;
- Tratamento medicamentoso;
- Reuniões de alcoólicos anônimos e narcóticos anônimos;
- Atividades de autocuidado;
- Atividades de espiritualidade (opcionais ou obrigatórias);
- Atividades esportivas e recreativas.
O mais interessante nas comunidades terapêuticas é o espaço democrático, ou seja, os próprios pacientes são responsáveis pela elaboração das regras de convivência, atividades do cronograma e tudo que envolve a rotina da comunidade.
Isso permite que os membros tenham uma participação ativa no cotidiano e se sintam parte importante do meio, desenvolvendo habilidades como: responsabilidade, comunicação, gerenciamento de conflitos e recuperação da auto estima.
- Clínicas de reabilitação voluntárias/involuntárias ou compulsórias
As clínicas de reabilitação tem um regime ambulatorial, ou seja, com características mais hospitalares e as principais atividades são:
- Tratamento psiquiátrico;
- Tratamento psicológico e acompanhamento com assistente social;
- Tratamento medicamentoso;
- Grupos de apoio;
- Grupos motivacionais;
- Horários de reflexão;
- Atividades esportivas e recreativas.
Algumas clínicas podem possuir atividades de autocuidado, espiritualidade e reuniões de 12 passos, porém, são menos comuns do que em comunidades terapêuticas.
- CAPS
O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), são instituições destinadas a acolher pessoas que sofrem de transtornos psicológicos, com a finalidade de estimular a sua integração social e familiar, apoiando-as em suas iniciativas de busca por autonomia, oferecendo-lhes atendimento médico e psicossocial.
Um dos principais objetivos do serviço é possibilitar a organização de uma rede substitutiva ao hospital psiquiátrico no Brasil.
Os usuários são atendidos de acordo com um projeto terapêutico singular, que consiste em um tratamento específico para cada indivíduo.
Além das consultas, o projeto terapêutico pode ser composto por diversas atividades como:
- Oficinas terapêuticas e culturais;
- Rodas de conversas e orientações individuais ou em grupo.
Existem diversos tipos de CAPS e todos atendem pessoas dependentes de álcool e drogas. Lembrando que se na sua cidade não possui CAPS, você deve procurar a Rede De Atenção Psicossocial (RAPS), a Assistência Social, ou a Secretária de Saúde do seu município para buscar informações sobre os tratamentos disponíveis.
- Grupos de apoio
A quarta modalidade são os grupos de apoio. O primeiro deles é o Alcoólicos Anônimos (AA), que é uma comunidade de caráter voluntário de homens e mulheres que se reúnem com o propósito de alcançar e manter a sobriedade através da abstinência do álcool.
As principais características do AA são:
- Anonimato;
- Não possui caráter religioso;
- É auto sustentável: os próprios membros do grupo são responsáveis por mantê-lo, não aceitando dinheiro ou doações vindas de fora.
Dentre as atividades vale destacar que os grupos se reúnem regularmente para: discutir sobre problemas pessoais, compartilhar suas vitórias, dar e receber apoio.
Também adotaram o programa de 12 passos AA no qual envolve a mudança de hábitos e do estilo de vida, como forma de viver em sobriedade.
Com a mesma filosofia, também existem os Narcóticos Anônimos (NA), que surgiram a alguns anos após o Alcoólicos Anônimos e tem como foco não só o álcool como também outras drogas.
O programa de 12 passos do NA é o mesmo, com exceção de algumas alterações.
Existem também grupos destinados às famílias dos dependentes químicos que possuem filosofias parecidas com as dos Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos como: O Nar-Anon, Al-Anon e o Amor Exigente.

- Tratamentos multidisciplinares
A quinta modalidade são os tratamentos multidisciplinares, que abrangem múltiplas áreas da saúde, visando tratar vários aspectos da dependência química.
O tratamento multidisciplinar é composto por:
- Tratamento psiquiátrico: Trata da parte biológica e neurológica da doença, também sendo responsável pelo tratamento medicamentoso;
- Tratamento psicológico: Cuida da parte emocional e social do paciente.
Nessa modalidade, a combinação entre o tratamento psiquiátrico e psicológico, juntamente com a participação ativa nos grupos de apoio é mais eficaz.
Pois além de tratar os aspectos biológicos, emocionais e sociais da doença, a pessoa também vivencia experiências nos grupos de apoio, composto por dependentes químicos com um propósito em comum.
- Tratamento terapêutico com erva africana
A última modalidade, porém, não menos importante, é o tratamento com a ingestão das propriedades químicas de uma planta originária da África, mais especificamente no Gabão; A Tabernanthe Iboga, comumente conhecida como Ibogaína.
Os estudos sobre a erva começaram na década de 1960, e desde então a mesma vem sendo utilizada na cura não só da dependência química como também de outras doenças, como a depressão.
A planta é composta por 12 alcalóides reagentes, dentre eles a Ibogaína, que podem ser administrados em forma de comprimido.
Não é recomendado fazer uso do medicamento sem acompanhamento médico e de um profissional terapeuta; Por isso, existem clínicas especializadas que oferecem total suporte para o tratamento, que tem duração de no máximo 5 dias.
O mais interessante no tratamento terapêutico com a Ibogaína é que o paciente não precisa se submeter a reclusão, podendo receber orientações em casa.
Estes são os 6 principais tratamentos contra a dependência química utilizados atualmente. Lembrando que para uma recuperação eficaz e permanente é importante alcançar várias áreas da saúde.
Adotar um estilo de vida ativo, com lazer, estudo, trabalho e esporte, interfere direta e positivamente no resultado final do tratamento.
Saiba mais em: Onde comprar? Como tomar? O uso da Ibogaína oferece riscos à saúde?