Lidar com um familiar dependente químico é algo complexo e é comum os familiares ficarem um pouco perdidos e se sentirem impotentes com a questão.
O primeiro passo é estar bem psicologicamente e emocionalmente para compreender que o usuário está seriamente doente e vai precisar do seu total apoio para enfrentar esse mal.
Sendo assim, é inevitável tomar a posição de líder e não deixar que a imposição e manipulação do dependente prevaleça.
É como uma pessoa que tem câncer rejeitar com todas as suas forças receber tratamento, como se reivindica-se a morte.
Essas palavras podem parecer grosseiras, porém, uma pessoa que coloca a própria vida em risco por mero prazer, certamente não está em condições psicológicas para decidir sobre a própria vida. Certo?
Ela precisa de ajuda e não há muito que a mesma consiga fazer a seu favor, pois o vício a dominou e ela agora vive em função de alimentá-lo.
Outro aspecto importante é tratá-lo com firmeza, porém, com amor. A pessoa precisa sentir que suas decisões e ações com relação à ela são por amor e não por ímpeto ou para controlá-la de alguma forma.
Para isso é preciso agir sabiamente, balanceando o racional do sentimental.
Mas como fazer com que essa pessoa confie em você e se torne mais suscetível a receber ajuda?
Como fazer com que o familiar dependente químico aceite ajuda?
A verdade é que a maioria dos dependentes químicos não são pessoas de mal caráter como muitos julgam, mas são carentes de atenção e cuidado.
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Elas não precisam ser criticadas, pois já se tornaram carrascos de si mesmos, ou seja, desenvolveram uma consciência autopunitiva e se vêem incapazes de sair da situação em que se encontram.
Muitos dizem: “É preciso chegar ao fundo do poço para aceitar ajuda”. Porém, se pararmos para pensar, o fundo do poço é onde paramos de cavar.
Ela precisa de alguém que “compre a briga”, que
peleje por ela, com ou sem a sua aceitação.
Desse modo você irá conquistar a confiança dela, e a partir daí o caminho se tornará mais fácil.
Diálogo
O diálogo é essencial nessa fase.
Entenda que a pessoa desenvolve uma necessidade visceral pela droga, é como se ela fosse enlouquecer ou morrer caso interrompesse o uso. Por isso, a mesma é capaz de roubar, mentir e manipular para ter acesso a droga.
Não se encha de mágoa diante dessas ações, mas transforme as dificuldades, recaídas e retrocessos em aprendizado.
Vale lembrar que é necessário desenvolver uma metodologia que cure a dependência emocional, além da dependência química.
A dependência química é apenas a ponta do iceberg, sendo a dependência emocional o real foco do problema.
À medida que você estudar sobre o tema, se tornará mais fácil lidar com o problema e ter propriedade para dialogar sobre o assunto, passando segurança e certeza ao paciente de que é possível vencer aquela situação e que você sabe exatamente como ajudá-lo.
Ainda falando sobre diálogo, é preciso passar um ar de tranquilidade sempre que tocar no assunto, ou quiser perguntar algo sobre a vida pessoal da pessoa, agir despretensiosamente fará com que a mesma se sinta confortável para se abrir e ser sincera em suas respostas.
Não esqueça que ela já se sente culpada por não conseguir superar o vício, por isso, sempre que iniciarem uma conversa mantenha-se calmo e procure entender o ponto de vista da pessoa ao invés de desabafar em conselhos, julgamentos ou críticas.
Entenda que a sua reação é a chave que fará com que ela se abra ou se feche completamente com você quando questionada.
Quanto mais ela falar sobre os seus sentimentos, experiências de vida, decepções, frustrações e etc. Melhor será para entender quais carências emocionais a mesma carrega para então supri-las.
Considerações finais
A chave para agir com um familiar dependente químico, sem adoecer, está em desenvolver habilidades certeiras. Sabemos que o caminho é espinhoso e desgastante, porém, quando você se prepara através de planejamento, conhecimento e autocontrole, fica mais fácil enxergar a situação com clareza e tomar decisões pertinentes.
Para finalizar, confira um resumo dos pontos importantes que você precisará trabalhar de agora em diante:
- Se mantenha sóbrio psicologicamente: É recomendado que a família e pessoas que convivam diariamente com o dependente químico também tenham acompanhamento com um profissional terapeuta;
- Invista em desenvolvimento pessoal: Use de fontes confiáveis para reunir informações referentes à doença e como tratá-la;
- Assuma a posição de líder;
- Haja com amor, porém, com firmeza. Não ceda à manipulações;
- Conquiste a confiança do dependente;
- Não leve nada para o pessoal, veja o dependente químico como uma pessoa doente e que precisa de ajuda.
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