Você sabe qual impacto a sexualidade tem na recuperação de dependentes químicos?
Existem sinais aos quais devemos nos atentar com o objetivo de identificar uma recaída e então preveni-la.
Para um dependente químico manter-se limpo é um grande desafio, pois durante o processo de recuperação há possibilidade de acontecerem recaídas onde o paciente volta ao consumo da droga. Porém, é importante destacar que recaídas também fazem parte do processo de recuperação, ajudando no autoconhecimento do indivíduo.
Sobretudo, a constância deste evento indica um retorno ao comportamento vicioso ou ao estilo de vida anterior. Sendo assim, é preciso estar atento aos motivos que levaram e ainda levam o paciente a fazer uso de tais substâncias.
Na questão sexualidade/recuperação, temos o que normalmente é chamado de Triângulo da Recaída, formado basicamente por três fatores que podem levar uma pessoa dependente ao processo de recaída.
A dependência química e o dinheiro
A primeira situação é o fator dinheiro. Entre 10% a 15% dos dependentes químicos retrocedem na reabilitação em função do dinheiro.
Não importa se no início, durante, na reta final ou após o tratamento, ter acesso pleno ao próprio dinheiro pode servir de ponte para que o indivíduo adquira e faça uso da droga com facilidade.
Poder e status
Situações que coloquem a pessoa em destaque diante das outras, seja no campo artístico, em alguma atividade pública ou até mesmo à frente de uma empresa, também tem sido responsáveis por levarem de 10% a 15% dos pacientes a se perderem no processo de cura e iniciarem um novo quadro de dependência.
Bom, essas duas situações, dinheiro e status/poder são o pivô de 20% a 30% dos processos de recaída. Restando de 70% a 80% dos casos.
Afetividade e sexualidade
Um estudo realizado com milhares de dependentes químicos nos Estados Unidos aponta que a maioria dos casos de recaída iniciam-se em função de questões relacionadas à afetividade e sexualidade.
Isso quer dizer que o “não saber lidar com questões afetivas” é o grande responsável por 70% a 80% dos casos de retrocesso no tratamento de usuários de drogas.
Sendo assim, faremos uma breve análise dessa questão sexo/sexualidade diante do tratamento.
O sexo possui três utilidades básicas que são consecutivamente:
- Diferenciação da espécie; Ou seja, distingue o gênero masculino do feminino;
- Perpetuação da espécie (procriação);
- A busca da felicidade.
Porém, se analisarmos, ao contrário de felicidade o sexo entrega à pessoa prazer, embora esta sensação esteja diretamente ligada à felicidade, ela é apenas uma fração de um conjunto de coisas que precisam acontecer de forma constante na vida de um indivíduo para que o mesmo atinja a felicidade, pelo menos parcial.
As drogas, bem como a comida e o jogo também tem o poder de despertar um prazer momentâneo, mas a não felicidade.
Distorções de amor e o seu impacto na recuperação
Distorções de amor são situações que podem acontecer em um relacionamento, são basicamente formas distorcidas de demonstrar afeto ao se relacionar com outra pessoa.
Um exemplo distorcido de amor é o apego, onde a pessoa precisa constantemente da companhia da outra para sentir-se bem, seguro e “feliz”, gerando uma dependência emocional.
O indivíduo não se vê capaz de tomar decisões simples na própria vida, quanto menos agir sem que o outro lhe dê suporte. Obviamente o parceiro se sente sobrecarregado e que sua privacidade e tempo consigo está sendo invadido, resultando em uma relação não saudável para ambos os lados.
O conformismo também é característica dos relacionamentos tóxicos. As partes envolvidas acabam se conformando e acomodando-se diante de situações que outrora incomodavam, como a maneira de agir um com o outro e/ou com os filhos, a forma como conversam entre si e etc.
A causa disso é o medo da rejeição, talvez por não se valorizar, falta de amor próprio, e até mesmo a baixa auto estima pode levá-los a se submeterem a situações de desrespeito e desprezo, principalmente diante do transtorno causado na relação por consequência do vício.
O medo do abandono, a insegurança e a carência demasiada fazem com que o ciúme desgaste ainda mais o casamento ou namoro. Por vezes a desconfiança infundada é apenas fruto da imaginação de quem a possui. Em casos sérios de distorção da realidade, a pessoa cria situações a fim de testar a fidelidade do parceiro ou até mesmo se vinga de uma traição que nunca existiu.
A carência é uma característica emocional fortíssima do dependente químico, as demonstrações de carinho e a atenção recebida tornam-se insuficientes, fazendo com que o mesmo se torne possessivo sentindo necessidade em obter total controle sobre a vida do cônjuge. Local, horário e companhia são dúvidas e perguntas frequentes que martelam o relacionamento.
E por último o egocentrismo. A pessoa pensa somente em si, não tendo atenção com as necessidades da outra. O comportamento do egocêntrico na maioria dos casos é infantilizado e extremamente sentimentalista, ou seja, magoa-se e se ira facilmente quando contrariado.
É comum o descontrole emocional dentro dos relacionamentos por parte de dependentes químicos, afinal, substâncias psicoativas alteram a capacidade de visão realista diante de fatos e da vida de um modo geral.
Conclui-se que entrar em recuperação não é apenas abster-se do uso de álcool e/ou entorpecentes, visto que a dependência química é uma doença comportamental. Ou seja, para uma reabilitação pertinente é necessário adotar uma mudança global de comportamento.
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